O meu melhor amigo, tinha 4 patas.
Lembro-me do dia em que o fui buscar a uma quinta de um qualquer colega do meu pai. Ele era a coisinha mais adorável à face da Terra. Foi amor à primeira vista.
O seu nome era Ruby, um cão rafeiro com todos os traços e tamanho de um pastor alemão e o coração do meu melhor amigo.
A viagem de volta a casa, apesar dos 100 Km, passou em minutos. Acho que foi a única viagem – antes dos meus 10 anos – na qual eu não proferi uma única palavra. Nos meus olhos não cabia mais nada além da feliz criatura que dormia ao meu lado.
Ele cresceu de forma rápida, e eu, pequeno como era, pude ver enquanto ele passou de um cachorro ao meu cuidado para um amigo que cuidava de mim.
Foi o meu melhor amigo, companheiro para todas as aventuras e cúmplice em mais de mil peripécias. Às refeições ajudava-me a esvaziar o prato – sem que os adultos nos vissem claro – na escola, apesar de distante, era a minha melhor desculpa esfarrapada para me escapar ao terrível aborrecimento que eram os TPC.
Aprendi a tratar de alguém, todos os dias, religiosamente eu limpava a sua “casa de banho” e dava-lhe água e comida. Ele sempre me agradeceu com beijos, pulos e cambalhotas. À noite, não haviam monstros que me aborrecessem enquanto o Ruby guardava a casa.
Por várias vezes ouvi com orgulho os meus pais dizerem que não nos conseguiam separar. Ai de quem o tentasse!
Os laços que surgem entre uma criança e o seu amigo de quatro patas são do mais genuíno e puro que se possa imaginar. Moldam-se um ao outro, aprendem e ensinam. Bebem da coragem um do outro e juntos lá arranjam forças para enfrentar o mundo, sabendo que têm o apoio incondicional para o que vier!