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Jardim de infância – importância de uma turma heterogénea: cada um é um. Como é?

Data: Janeiro 23, 2014 Categorias: Geral 0

De acordo com a legislação portuguesa, a educação pré-escolar é a primeira etapa da educação básica no processo de educação ao longo da vida, sendo complementar da ação educativa da família, com a qual deve estabelecer estreita cooperação, favorecendo a formação e o desenvolvimento equilibrado da criança, e tendo em vista a sua plena inserção na sociedade como ser autónomo, livre e solidário.

No Curiosa Idade, a sala de jardim de infância – sala laranja, é frequentada por crianças de idades compreendidas entre os 3 e 6 anos, ou seja, uma sala heterogénea na idade do pré-escolar e a educadora tem como preocupação preparar estas para a sua entrada no primeiro ciclo.

No entanto, este objetivo é comungado por toda a equipa desde a entrada da criança no Curiosa Idade, ou seja, no período compreendido entre os zero e os seis anos de idade. Desenvolvendo-se gradualmente à medida que ela cresce e vai passando da sala rosa, para a turquesa, lima , verde, intensificando-se com a passagem para o jardim de infância, sala laranja.

Como todos sabemos, a entrada para o 1º ciclo é uma fase da vida da criança que esta nunca mais esquece, pois é vivida com grande ansiedade e receio, quer pelos pais, quer pelas próprias crianças. Desde que iniciam a sua frequência na nossa escola, as crianças são estimuladas – através de atividades lúdicas e jogos - a exercitar as suas capacidades motoras e cognitivas, a fazer descobertas e a iniciar o processo de alfabetização.

infantario

Aqui no Curiosa Idade, o nosso objetivo é ajudar a criança a preparar-se para essa fase, para que dê o primeiro passo com mais confiança e segurança. Garantir que as crianças aprendam a gostar da escola e a senti-la como um espaço onde são felizes, a ler e a escrever assim que entram na escola é o nosso grande desafio! Assim sendo, é de extrema relevância que a criança desde a sua entrada na creche, aprenda a gostar da escola, mas  sobretudo a partir dos três anos, passe pela experiência de uma educação pré-escolar, em que fique muito bem preparada, visando promover e desenvolver várias noções importantes para o 1º Ciclo, não só ao nível da Língua Portuguesa e da Matemática, como também no que diz respeito ao próprio desenvolvimento cognitivo da criança. É com muita satisfação que recebemos vulgarmente testemunhos como este de uma mãe aquando do ingresso do filho no 1º ciclo:

“O nosso menino teve a seguinte avaliação:

Português: Excelente
Matemática: Excelente
Estudo do Meio: Excelente
Comportamento: Bom (é um bocado falador)

“É obvio que esta avaliação é o resultado de um percurso que começou, sem dúvida nenhuma, consigo, no curiosa idade. Não são muitos os meninos que chegam ao 1º ano, a saber ler e contar como oSantiago e isso, deve-o à Sílvia.”  Bem haja mãe por ter-nos dado o seu testemunho.

Sempre preocupados com as aprendizagens, em todos os seus níveis, o Curiosa Idade  desenvolveu um projeto educativo e  curricular, apoiado por um plano anual de atividades  onde a criança, em conjunto com os seus colegas e com o acompanhamento e a supervisão de uma equipa pedagógica competente, consiga adquirir as noções que tanta falta lhe irão fazer aquando da entrada para o 1º Ciclo.

Na sala de jardim de infância, o grupo de crianças é multidimensionalmente heterogéneo, incluindo-se os 3, 4 e 5 anos.  Convém realçar que a maior parte das crianças já frequenta a instituição há algum tempo, dado que são provenientes da valência de Creche, o que é visível pelo à vontade que as crianças manifestam quando estão no jardim-de-infância, assim como pela interação com o restante pessoal da instituição. Todavia algumas crianças do grupo não frequentaram a creche desta instituição e nestes casos há sempre a preocupação de uma integração plena e saudável.

De uma maneira geral,  as crianças da sala laranja, já são autónomas nas suas rotinas diárias e na utilização de materiais e equipamentos existentes na sala. No decorrer das atividades, espontâneas ou planificadas, de forma global, as crianças são bastante participativas, ativas, interativas, curiosas, atentas e envolvem-se com elevados níveis de entusiasmo, alegria e boa disposição. A vivacidade, a expressividade, autenticidade e felicidade são constantes neste grupo. Não obstante, o ouvir o outro, o esperar a sua  vez para falar, constituírem ainda uma dificuldade, já que as crianças parecem impacientes sempre que precisam aguardar pela sua vez para falar, pois cada uma tem sempre algo para partilhar com o grupo, manifestando, assim, a necessidade de se evidenciar.

turma heterogena

De uma forma geral pode dizer-se que o grupo é bastante autónomo e reivindicativo. Toma iniciativa e participa em tudo o que lhes suscita interesse, muitas vezes sem dar tempo ao tempo, reflexo da vontade de fazer coisas novas e diversificadas. Esporadicamente existe um pequeno grupo que necessita mais de ser estimulado e solicitado.

Enfim, são um grupo de crianças alegres e sorridentes… às vezes marotas, mas muito carinhosas e sempre prontas a dar beijinhos e abraços quando menos se espera.

Este artigo tem como objetivo a perceção de como é gerida uma sala heterogénea no jardim de infância (o que por vezes suscita algumas dúvidas, sobretudo de alguns pais de crianças mais velhas) e permitir  uma reflexão consistente e sustentada sobre a riqueza que advém do trabalho com um grupo heterogéneo. As Orientações Curriculares para a Educação Pré-Escolar considera “Que a interação entre crianças em momentos diferentes de desenvolvimento e com saberes diversos, é facilitadora do desenvolvimento e da aprendizagem.” (M.E., 1997:35)

Assim para dar resposta a estes grupos heterogéneos é fundamental ter em conta a individualidade de cada criança, respeitar as etapas de desenvolvimento em que elas se encontram, os seus ritmos próprios e acima de tudo dar resposta às suas necessidades e interesses para proporcionar um desenvolvimento global e harmonioso de cada criança. Nesta sala mista a primeira prioridade da educadora, é a de inserir as crianças de três anos no  grupo de crianças de quatro e cinco anos. No entanto, o grande grupo por vezes é subdividido em pequenos grupos de trabalho, dada a diferença do seu desenvolvimento em determinadas atividades. Desta forma, permite-se trabalhar de acordo com o desenvolvimento de cada grupo e cada criança, mas também fomentar a entreajuda, o sentido de responsabilidade, partilha de ideias e de saberes de todo o grande grupo. Através deste tipo de responsabilidade as crianças mais velhas sentem-se responsáveis e importantes porque ajudam as mais novas nas diferentes tarefas e a crescer, aumentando a sua auto-estima  “Em se tratando de um contexto de idades diferenciadas, a criança mais velha assume este estatuto de mais competente, mais experiente, na medida em que o seu próprio desempenho contribui para o desempenho das demais; […]”. (Dias e Bhering, 2005: 24). Por outro lado, as crianças mais novas têm como modelo as mais velhas o que facilita e potencia o desenvolvimento individual, de todo o grupo e de todo o processo ensino/aprendizagem.

Num mundo cada vez mais multicultural, as diversidades acentuam-se e impõe-se cada vez mais o respeito por cada indivíduo enquanto ser único. Por essa razão devemos saber gerir a diversidade e integrá-la no nosso quotidiano. Tudo isto vai ter consequências na forma como as crianças correspondem e evoluem a nível educacional. Por outro lado, para o educador, a existência de grupos heterogéneos proporciona um olhar individual sobre cada criança e uma prática pedagógica diferenciada. Para a nossa escola para aprender é preciso saber viver e para crescer é preciso saber viver na mudança, desta forma todos ganham.

Se no início da atividade da nossa instituição a existência do grupo heterogéneo era uma necessidade, neste momento é uma opção, dado que esta vivência permitiu a perceção da importância pedagógica, pois através dela as crianças partilham saberes, cooperam entre si e ajudam-se a crescer. Qualquer escola que deseje seguir uma política de Educação Inclusiva terá de desenvolver políticas, práticas e culturas que respeitem a diferença e a contribuição ativa de cada aluno para a construção de um conhecimento partilhado. Procurando por esse meio alcançar, sem discriminação, a qualidade académica e contexto sociocultural de todos os alunos. A educação inclusiva só existe se forem introduzidas nas salas de aula estratégias e práticas diferentes daquelas que tradicionalmente se praticam (Sanches, 2005)

Por:  Profª Piedade Micaelo

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