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Adaptação à Creche/Jardim de Infância

Data: Setembro 2, 2016 Categorias: Artigos 0

Uma das principais preocupações dos Pais em relação à iniciação da Creche/Jardim de Infância dos seus filhos é a Adaptação.

Quando os pais colocam o seu filho numa Creche/Jardim de Infância são portadores de vários receios e de imensas dúvidas:

- Será que o meu filho vai ficar bem?

- Será que lhe vão dar a devida atenção?

- Será que o vão mimar?

- Será…? Será… ?

Existem demasiadas dúvidas que perturbam muito os pais, principalmente nos primeiros dias.

Todas estas dúvidas e inquietações, que tanto atormentam os pais, são compreensíveis e legítimas, pois vão deixar os seus pequenos “tesouros” com pessoas que lhes são estranhas; no entanto sem se aperceberem os pais são os principais transmissores de ansiedade e angústia para as crianças.

Vou para a escolinha e agora?

As crianças são imprevisíveis. Podem mudar de comportamento e de atitudes de um momento para o outro, principalmente se, de repente, se vêem num ambiente diferente daquele a que estão habituadas.

A ida para a creche ou jardim-de-infância, e a consequente reacção a essa mudança da rotina diária, é uma lotaria que os pais têm de enfrentar. Sem medos, pois eles não têm razão de ser.

Quando as crianças se deparam com uma nova realidade podem agir de variadas formas. É sabido que no primeiro dia em que entram num infantário os choros e gritos são esperados. Mas e quando essas manifestações surgem semanas depois do primeiro dia? Não se preocupe. É também normal e esse comportamento que não se trata de forma alguma das chamadas «birras» não deve levantar qualquer tipo de alarmismo. A rejeição das crianças a um novo ambiente pode surgir em qualquer altura, mesmo ao fim de um determinado período de tempo, em que os pais pensam que a habituação do seu filho já está mais que ultrapassada. Até porque «a novidade pode ser motivo de interesse para qualquer criança». Isto é, encontrarem-se num espaço novo, com caras diferentes das que habitualmente vêem, aliado a todo um conjunto de possíveis brinquedos e distracções que desconheciam, pode despertar a curiosidade das crianças para a descoberta, para explorar todo um novo mundo que se abre diante dos seus olhos. Desta forma, é provável que demonstrem um sentimento de conforto e até alegria por esta fase diferente que inicia na vida. Um sentimento que, por vezes, dura apenas até que a novidade deixe de o ser.

«Há crianças que são muito curiosas e gostam de explorar coisas novas, mas quando o espaço deixa de ser novidade e percebem que estão ‘sozinhas’, no meio de outras crianças e de adultos que não os pais, mostram-se desconfortáveis», refere Sofia Silvério, psicóloga do Núcleo de Psicologia do Estoril. E acrescenta: «Em alguns casos, a criança parece adaptada ao local e aos colegas, mostra-se interessada e participativa nas actividades, mas, de repente, muda o seu comportamento, isolando-se, chorando quando vê os pais e recusando participar nas tarefas».

Quando esta atitude é adoptada pela criança, a psicóloga não tem dúvidas em dizer aos pais para não se deixarem enganar, já que, «na maioria das vezes, é apenas uma tentativa da criança ‘tentar a sua sorte’ e voltar para casa, para junto do conforto dos pais».

Em média, considera-se que, durante os primeiros dois meses, a criança está em fase de adaptação à escola e às novas realidades. No entanto, cada criança é uma individualidade própria e o ajuste diário de emoções é sempre diferente, pelo que a instabilidade emocional faz parte da habituação da criança a qualquer meio estranho. Aconselham-se os pais a, já que não podem estar presentes fisicamente, manterem o contacto permanente com a escola, para se aperceberem das mudanças ocorridas na criança para que se colmatem as diferenças.

É geralmente conhecido que os bebés se adaptam com mais facilidade a tudo o que é novo, como novas situações e ambientes. A rejeição ‘tardia’ a um novo ambiente é mais comum nas crianças com mais de 18 meses, pois já têm maior memorização e uma concepção individualista da realidade. Nos bebés de colo, a situação não é tão recorrente, uma vez que nestas idades as crianças estão ainda alheadas da realidade, não tendo perfeita noção do que as rodeia. Pelo que, quanto mais cedo a criança entrar para a creche, mais fácil será a sua Adaptação, apesar de ser uma fase mais complicada para os pais, porque os seus pequenotes são demasiado indefesos.

Nesta fase inicial da vida de uma criança, principalmente quando vai para a creche, há sempre um adulto na sala com quem a criança irá criar laços afectivos mais fortes e intensos, a esta situação, chama-se Vinculação. Esta Vinculação vai dar/trazer à criança uma maior segurança, que vai fazer com que esta se sinta protegida e consiga então, transmitir aos pais que está bem, serena e tranquila sempre que vai para a creche.

É também importante referir que se a criança tiver algum objecto que a acompanha sempre (boneco, fralda de pano, etc.) é importante que esse objecto venha sempre com a criança, pois é chamado de Objecto de Transição. Estes objectos designados por Winnicott, por objectos transaccionais, são usados pela criança como um suporte na conquista da autonomia, uma vez que são uma espécie de substituto materno e permitem à criança organizar-se na ausência das figuras de referência. As crianças ao se sentirem sozinhas na cama, por exemplo, na creche ou jardim de infância, usam esses objectos para se sentirem mais confiantes.

Pais importantes

Os pais desempenham um «papel fundamental na forma como os filhos reagem às mais variadas situações do dia-a-dia. E o mais importante é não cederem à tentação de compensar o tempo em que deixaram o filho num ambiente que não o familiar. Esta compensação é nefasta para os pais, porque estimula o sentimento de culpa, e para os filhos, uma vez que dificulta a sua adaptação e não estimula a autonomia e independência, pois desejam perpetuar esses momentos junto dos pais. A confiança no infantário é, então fundamental: os pais não devem mostrar a sua ansiedade por ‘largarem’ os filhos numa creche/jardim de infância, uma vez que se os estão a deixar naquele local foi porque, após uma longa procura, o elegeram como um local de confiança para cuidarem e educarem as suas crianças. Aqueles pais que não podem ouvir os filhos chorar, ou vê-los um pouco menos contentes, há que lembrar que na vida de uma criança há sempre «os períodos em que está a chorar e os períodos em que está a sorrir. É algo inevitável, que nem o pai mais dedicado e preocupado consegue afastar do crescimento do seu filho. A única coisa que esse pai dedicado e preocupado consegue, pode e deve fazer é, agir de forma a garantir que os períodos dominados pelos sorrisos se prolonguem, superando os choros e os momentos menos felizes. A firmeza dos pais tem um papel extremamente importante nesta hora e chega um momento em que as crianças percebem que o mundo é algo mais que uma mera continuidade de si próprios e, nesta linha de ideias, têm de aprender que aquelas duas pessoas, para além de serem os pais que o adoram, são também duas pessoas com outras coisas suas para ser e fazer. Assim sendo…

“Quando eu perceber que os meus pais, voltam sempre para me vir buscar, eu aprenderei que posso brincar e divertir-me descansado enquanto eles aqui não estão, criando assim na criança segurança e estabilidade. Porque sei que sou amado tanto em casa como na minha escolinha”.

Quando o seu filho fizer uma “birra” a dizer que não quer ir para a creche/jardim de infância, poderá esta apenas querer testar os pais para ver se consegue fazer com que estes cedam, e assim atingir os seus objectivos, de fazer apenas o que deseja. Perante esta situação os pais, por muito que lhes custe, devem dar um mimo à criança, dizer-lhe que ela tem de ficar, porque os pais a vão buscar, e devem sair da creche/jardim-de-infância sem dar demasiada importância à “birra”.  Apesar de ser muito complicado para os pais, este comportamento é o mais adequado.

Por muito que custe, não prolongue a despedida além do tempo necessário. É mais difícil para a criança e para si, que notam a tristeza de ambas. Com o tempo será mais fácil. Na larga maioria dos casos, mesmo com alguma dificuldade em descolar dos pais (ou com viagens chorosas de casa para a escola), as crianças gostam da escola e, mal os pais saem, ficam bem e mudam a “ agulha”, passando a sentir-se no seu espaço de crescimento.

Quando elas perceberem o mundo que têm para descobrir dentro da sala, nem vão querer de lá sair, mas é preciso dar-lhes tempo para que o consigam perceber.

As pessoas que as acolhem e passam o dia com elas, são profissionais qualificados e com formação, sabem o que fazer e porque o fazem. Não se preocupe, porque ele fica em boas mãos. Se tiverem dúvidas ou não se sentirem seguros, não hesitem em marcar um atendimento com as técnicas responsáveis e transmitam-lhes como se sentem. Elas são as melhores pessoas para os apaziguar e esclarecer qualquer dúvida que persista.

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